quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Dama De Branco

Muitas pessoas quando lerem essa lenda vão dizer que já ouviram antes da boca de alguém, mas a verdade é que isso aconteceu bem aqui, no Brasil, justamente comigo! Foi nas minhas férias de verão, época de carnaval, muitas festas, bebida, diversão. Sempre viajo nessas épocas com a minha família, e dessa vez, carnaval de 2007 se me recordo bem, viajei para Araruama com meus tios e minhas duas primas. Como a viagem era longa e só havia um carro, meu tio levou minhas primas, eu e minha irmã pela manhã, nos deixou na pousada onde ficaríamos hospedados e voltou no mesmo dia para buscar o resto do pessoal. Passamos cinco dias maravilhosos, nos divertimos bastante, mas tudo que é bom dura pouco e enfim chegou o dia da partida. Era quinta-feira, fim da tarde. Chovia desde cedo, o céu estava bem escuro e trovejava um pouco. Juntamos nossas coisas e meu tio fez o mesmo esquema que o da ida: Levou minhas primas, eu e minha irmã até minha casa juntamente com minha tia, e depois voltaria pra buscar o restante da família. O começo da viagem de volta fora bem divertido. Comemos pipoca doce, conversamos bastante, ouvimos música, coisas comuns em viagens longas. A estrada estava meio parada, todas as pessoas que tinham viajado para a mesma região pareciam ter resolvido sair junto com a gente, então não havia escapatória, teríamos de ficar no engarrafamento de quilômetros!!As estradas da região eram bem escuras, poucos postes sobreviviam aos ventos fortes das épocas das chuvas, então, a prefeitura provavelmente resolvera não tentar mais colocar iluminação ao longo da rodovia, o que dificultava mais ainda o fluxo. Buzinas infernais, faróis muito fortes ou muito fracos, carros que pareciam latas de lixo ambulantes, enfim, estava bem difícil. À altura de meia-noite, uma da madrugada, já estávamos bem cansados. Minha prima se deitara no meu colo e adormecera. Minha irmã dividia com ela a mesma almofada, e também repousara no meu colo. Eu estava pregada de cansaço, mas me forçava a ficar acordada. Sempre tive medo de viajar à noite, de algo acontecer, e olhar para aqueles arredores desertos, de mato alto, só fazia aumentar meu receio. Na verdade, já conhecia muitas histórias sobre coisas que acontecem num minuto de distração, principalmente á noite. Não, me manteria atenta e acordada, por mais que fosse difícil. Minha outra prima então começou a conversar comigo sobre um assunto que eu não estava muito interessada, mas assim mesmo entrei na conversa. Foi quando ouvi meu tio trocando palavras com minha tia, no carona: “- É por ali, vamos sair lá na frente e não ficaremos muito presos nesse inferno”. Minha tia relutou um pouco. Sair da estrada àquela hora era perigoso, não sabíamos com quem poderíamos topar, o que poderia acontecer. “- Não vou ficar mais tempo nesse engarrafamento. Vou virar”. Meu tio decidiu por todos nós. A pior decisão da vida dele, e o próprio descobriria em breve. Entramos por uma via transversal à estrada. Era estreita, cercada de mato, sem iluminação. Poucos carros nos seguiram pela mesma estradinha de terra. Adentramos mais fundo no matagal alto e depois de alguns minutos, conseguimos chegar a uma estrada secreta, bem mais estreita, ladeada de mato, totalmente na escuridão. Minha tensão aumentou. Podia sentir o medo me tomar por inteira, não sabia mais onde estava, e estávamos sozinhos. A distância entre os veículos que nos seguiam era tão grande que mal podíamos ver as luzes dos faróis que nos seguiam atrás. Meu tio dirigia tranqüilamente, atento a qualquer movimento na estrada. “- Vai que tem um bicho por aí, né?”,brincou ele. Brincadeira infeliz. Minha tia iniciou uma conversa estranha, sobre pessoas que aparecem do nada no meio de estradas desertas, fazendo minha prima rir. Eu não achei nenhuma graça, sempre fui muito medrosa, mas dei uma risadinha tímida, pra parecer mais simpática. Faltava pouco pras duas da manhã. Estávamos muito cansados, mas ainda assim resistíamos ao sono, nos forçando a conversar. Foi então que aconteceu. Quando nós estávamos finalmente nos distraindo e nos desligando da paisagem nefasta a nossa volta, meu tio nos assustou com seu grito: “- QUE É AQUILO!!??” Logo me aprumei pra ver. Minha tia prendeu o nariz no vidro. E a vimos. Na verdade, vimos uma coisa estranha, como um vulto todo de branco. Passou rápido pelo carro, pois estávamos indo um pouco mais rápido que o normal. Acordei imediatamente minha irmã e minha prima, surpresa, assustada e ao mesmo tempo boquiaberta. Tínhamos mesmo visto uma mulher que caminhava lentamente as margens do matagal, vestida de branco. “- QUE P...ERA AQUELA???”, perguntou meu tio se recuperando do susto. “- Viram?? Uma mulher de branco, vocês viram??”, indagava minha tia mais perplexa que eu. Viramos todos para trás. Não havia mais nada lá, além do breu e das matas altas. Nunca mais tomo aquela estrada pra voltar pra casa.

 

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