Muitas pessoas quando lerem essa lenda vão dizer
que já ouviram antes da boca de alguém, mas a verdade é que isso
aconteceu bem aqui, no Brasil, justamente comigo!
Foi nas minhas férias de verão, época de carnaval, muitas festas,
bebida, diversão. Sempre viajo nessas épocas com a minha família, e
dessa vez, carnaval de 2007 se me recordo bem, viajei para Araruama com
meus tios e minhas duas primas. Como a viagem era longa e só havia um
carro, meu tio levou minhas primas, eu e minha irmã pela manhã, nos
deixou na pousada onde ficaríamos hospedados e voltou no mesmo dia para
buscar o resto do pessoal. Passamos cinco dias maravilhosos, nos
divertimos bastante, mas tudo que é bom dura pouco e enfim chegou o dia
da partida. Era quinta-feira, fim da tarde. Chovia desde cedo, o céu
estava bem escuro e trovejava um pouco. Juntamos nossas coisas e meu tio
fez o mesmo esquema que o da ida: Levou minhas primas, eu e minha irmã
até minha casa juntamente com minha tia, e depois voltaria pra buscar o
restante da família. O começo da viagem de volta fora bem divertido.
Comemos pipoca doce, conversamos bastante, ouvimos música, coisas comuns
em viagens longas. A estrada estava meio parada, todas as pessoas que
tinham viajado para a mesma região pareciam ter resolvido sair junto com
a gente, então não havia escapatória, teríamos de ficar no
engarrafamento de quilômetros!!As estradas da região eram bem escuras,
poucos postes sobreviviam aos ventos fortes das épocas das chuvas,
então, a prefeitura provavelmente resolvera não tentar mais colocar
iluminação ao longo da rodovia, o que dificultava mais ainda o fluxo.
Buzinas infernais, faróis muito fortes ou muito fracos, carros que
pareciam latas de lixo ambulantes, enfim, estava bem difícil. À altura
de meia-noite, uma da madrugada, já estávamos bem cansados. Minha prima
se deitara no meu colo e adormecera. Minha irmã dividia com ela a mesma
almofada, e também repousara no meu colo. Eu estava pregada de cansaço,
mas me forçava a ficar acordada. Sempre tive medo de viajar à noite, de
algo acontecer, e olhar para aqueles arredores desertos, de mato alto,
só fazia aumentar meu receio. Na verdade, já conhecia muitas histórias
sobre coisas que acontecem num minuto de distração, principalmente á
noite. Não, me manteria atenta e acordada, por mais que fosse difícil.
Minha outra prima então começou a conversar comigo sobre um assunto que
eu não estava muito interessada, mas assim mesmo entrei na conversa. Foi
quando ouvi meu tio trocando palavras com minha tia, no carona: “- É
por ali, vamos sair lá na frente e não ficaremos muito presos nesse
inferno”. Minha tia relutou um pouco. Sair da estrada àquela hora era
perigoso, não sabíamos com quem poderíamos topar, o que poderia
acontecer. “- Não vou ficar mais tempo nesse engarrafamento. Vou virar”.
Meu tio decidiu por todos nós. A pior decisão da vida dele, e o próprio
descobriria em breve. Entramos por uma via transversal à estrada. Era
estreita, cercada de mato, sem iluminação. Poucos carros nos seguiram
pela mesma estradinha de terra. Adentramos mais fundo no matagal alto e
depois de alguns minutos, conseguimos chegar a uma estrada secreta, bem
mais estreita, ladeada de mato, totalmente na escuridão. Minha tensão
aumentou. Podia sentir o medo me tomar por inteira, não sabia mais onde
estava, e estávamos sozinhos. A distância entre os veículos que nos
seguiam era tão grande que mal podíamos ver as luzes dos faróis que nos
seguiam atrás. Meu tio dirigia tranqüilamente, atento a qualquer
movimento na estrada. “- Vai que tem um bicho por aí, né?”,brincou ele.
Brincadeira infeliz. Minha tia iniciou uma conversa estranha, sobre
pessoas que aparecem do nada no meio de estradas desertas, fazendo minha
prima rir. Eu não achei nenhuma graça, sempre fui muito medrosa, mas
dei uma risadinha tímida, pra parecer mais simpática. Faltava pouco pras
duas da manhã. Estávamos muito cansados, mas ainda assim resistíamos ao
sono, nos forçando a conversar. Foi então que aconteceu. Quando nós
estávamos finalmente nos distraindo e nos desligando da paisagem nefasta
a nossa volta, meu tio nos assustou com seu grito: “- QUE É AQUILO!!??”
Logo me aprumei pra ver. Minha tia prendeu o nariz no vidro. E a vimos.
Na verdade, vimos uma coisa estranha, como um vulto todo de branco.
Passou rápido pelo carro, pois estávamos indo um pouco mais rápido que o
normal. Acordei imediatamente minha irmã e minha prima, surpresa,
assustada e ao mesmo tempo boquiaberta. Tínhamos mesmo visto uma mulher
que caminhava lentamente as margens do matagal, vestida de branco. “-
QUE P...ERA AQUELA???”, perguntou meu tio se recuperando do susto. “-
Viram?? Uma mulher de branco, vocês viram??”, indagava minha tia mais
perplexa que eu. Viramos todos para trás. Não havia mais nada lá, além
do breu e das matas altas. Nunca mais tomo aquela estrada pra voltar pra
casa.
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